domingo, 21 de fevereiro de 2010

Doenças Emergentes e Reemergentes.

DOENÇAS EMERGENTES E REEMERGENTES
AS DOENÇAS EMERGENTES
Nos últimos anos, diversas novas doenças têm sido descobertas, algumas muito graves e de difícilcontrole. Somente para ilustrar, desde a descoberta do vírus da imunodeficiência humana (HIV), no início dos anos 80, mais de duas dezenas de patógenos foram descritos e envolvidos em diversas doenças. Estas novas doenças vão se somar a outras já existentes - cuja incidência tem aumentado - e entre os novos
agentes microbianos encontram-se diversos vírus para os quais o arsenal terapêutico disponível é muito precário.
A definição de doença emergente proposta pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC dos Estados Unidos da América engloba tanto as doenças infecciosas de descoberta recente quanto aquelas cuja incidência tende a aumentar no futuro: "doenças causadas por micróbios que já se sabia serem patogênicos mas com padrão diferente de doença (aumento de incidência, processo patogênico inusitado) ou
que foram reconhecidos como patógenos novos para o ser humano".
Do ponto de vista biológico, é possível afirmar que a emergência de novos patógenos não é novidade para o homem, que tem convivido com esta situação desde o início de seu processo evolutivo e, certamente, é possível antever que isto ocorrerá pelos anos que virão. Evidentemente, a situação atual tem características peculiares e preocupantes, entre elas:
a) Aumento da população (mais de 6 bilhões de pessoas);
b) Grandes movimentações destas populações, espontaneamente (viagens de lazer ou negócios) ou induzidas (guerras, secas e outros desastres ambientais);
c) Aumento das doenças pela maior exposição de grupos específicos a situações de risco, como institucionalizados (prisões, asilos para idosos, orfanatos, migrantes, escolas), populações de rua, condições precárias de moradia;
d) Mudanças ecológicas intensas e rápidas, relacionadas ao desenvolvimento econômico e industrial;
e) Diminuição do suporte social, aumento do desemprego, urbanização desorganizada;
f) Utilização intensa de antimicrobianos facilitando o aparecimento de cepas resistentes.

É fato conhecido que os agentes das doenças infecciosas e parasitárias são parte do nosso convívio e nicho ecológico, sendo certamente pouco provável (e pouco desejável) sua completa eliminação. As complexas relações ecológicas (hospedeiro/meio-ambiente/parasitas) ainda não estão completamente elucidadas e é desnecessário enfatizar a importância da manutenção deste equilíbrio para o próprio equilíbrio da vida. Por outro lado, o conhecimento técnico acumulado neste século já demonstrou de maneira insofismável a estreita relação entre a melhoria das condições sanitárias básicas e a diminuição da incidência das doenças infecciosas e parasitárias. Aquelas incluem, mas não estão limitadas à, disponibilidade de água tratada, esgotamento sanitário, alimentação sadia, educação e emprego. Certamente, este controle pode ser facilitado pela aplicação dos resultados das pesquisas da ciência biomédica.
CONTROLE DE DOENÇAS
Os programas de incentivo ao aleitamento materno e a vacinação de suscetíveis têm papel significativo para o efetivo controle de diversas doenças infecciosas. Entretanto, as sociedades industrializadas no final do século XX alardearam ser capazes de controlar todas as doenças infecciosas por meio da imunização ou tratamento.
Nesse sentido, em setembro de 1978 foi assinada a Declaração de Alma Ata: no ano 2000, toda a humanidade deveria estar imunizada contra a maioria das doenças infecciosas, cuidados básicos de saúde estariam disponíveis para todos os homens, mulheres e crianças, independente de classe social, raça, religião ou lugar de nascimento.
Os diversos acontecimentos políticos e sociais, associados ao aparecimento da epidemia da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), serviram para anular esta presunção. Apesar disso, pesquisadores e agentes da saúde pública ainda acham possível a perspectiva de acrescentar, nos próximos anos, ao rol das vacinas, uma vacina eficaz contra a AIDS, do mesmo modo como foi possível para outras doenças infecciosas. Desafortunadamente, "do mesmo modo" pode ter dois significados: sim, parece ser tecnicamente possível o desenvolvimento de uma vacina eficaz nos próximos anos. Entretanto, a mera existência de outras vacinas igualmente eficazes não tem sido sinônimo de disponibilidade mundial, e este é o segundo e cruel significado - isto ocorreu, e ainda ocorre em muitos países, com o sarampo, rubéola, hepatite B e tétano, entre outras. Em outras palavras, a existência de determinada vacina não significa sua disponibilidade para todos que dela necessitem.
A SITUAÇÃO BRASILEIRA
O Brasil chega ao final do século XX com diversos problemas sociais sérios, com reflexos diretos sobre a saúde pública. Entre estes, o êxodo da zona rural para as cidades, o desemprego e a vergonhosa concentração de renda. Segundo o IBGE, apenas 1% da população detém riqueza superior a dos 50% dos brasileiros mais pobres, ou seja, menos de 2 milhões de pessoas possuem mais que a soma dos bens de 83 milhões de brasileiros _ acresça-se a isto o descaso com a saúde pública. Evidentemente, estes fatores contribuem para o aumento da incidência de doenças infecciosas e parasitárias, incluindo o reaparecimento de outras já praticamente eliminadas, e a expansão de novas patologias. Desta maneira, assiste-se à expansão dos casos de leishmaniose, hanseníase, dengue, malária e tuberculose, esta última principalmente em associação com a AIDS; ao reaparecimento da cólera e febre amarela urbana; ao não-controle da esquistossomose _ apesar da significativa diminuição dos casos novos de doença de Chagas, ocorrida principalmente através da dedetização, não houve melhoria significativa nas condições básicas para seu efetivo controle (melhor habitação, educação sanitária, emprego digno, etc.).
Aliás, a necessidade desta melhoria e seu avesso (piora das condições de vida, desemprego, ausência de saneamento básico) é comum às outras doenças endêmicas, epidêmicas, emergentes e reemergentes deste final de século. Assim, não é desejável e muito menos possível fazer qualquer exercício de futurologia relacionado às doenças emergentes no século XXI. Entretanto, com base nos dados ora disponíveis, é possível analisar as tendências para os próximos anos.
(MARCIO LÉO - a partir de fontes diversas)

** EM BREVE CURSO PARA TREINAMENTO DE QUESTÕES ABERTAS**

2 comentários:

Anônimo disse...

Ei professor, sou da nova turma de extensivo do Chromos, voce é uma piada ambulante. Adorei sua aula, gostei tambem do post.
Jéssica

Anônimo disse...

Eii Léo !adorei o post,mas não entendi o motivo do reaparecimento da tuberculose, já que existe, hoje em dia, uma vacina para mesma.E em relação á associação da doença com a AIDS, o vírus HIV destroi aS células de memória já existentes?